A comunicação é um dos pontos chaves para distinguir os humanos. Com ela nos expressamos, nos desenvolvemos, é uma condição inerente. Desde as formas de expressão em desenhos em cavernas até a formalização de meios e veículos de comunicação, somente a web conseguiu ser um espaço em que finalmente todos (que tenham acesso a ela), democraticamente, tem a oportunidade de se expressar e compartilhar sua visão de mundo.
É nesta possibilidade de interagir na web, seja com comentários em sites, através de mensagens instântaneas, blogs pessoais — onde as pessoas podem ter sua própria página, seu veículo — e até outras formas para aqueles que não desenvolvem muito a escrita, através de vídeos, fotos e áudios, que reside o grande diferencial da web 2.0. Enquanto a primeira geração da internet estava mais voltada para a tecnologia, as facilidades no campo empresarial e econômico, ao acesso a dados, a páginas estáticas e serviços, a segunda passou a ser um ambiente alterado pelo usuário, uma plataforma onde qualquer um pode consumir e produzir conteúdo de forma simples. Graças ao advento da web 2.0, o público deixou de ser espectador passivo, ele também passou a gerar conteúdos e opinar sobre aquilo que recebe dos meios tradicionais. Nem o jornal, nem o rádio e nem a televisão conseguiu esse patamar de interatividade. E hoje, esses meios utilizam de suas plataformas de internet para interagir com o público e também propagar o conteúdo produzido por eles.
Apesar dos termos empregados: web 1.0, web 2.0, para mim, nada mais é que uma evolução da ferramenta internet. Na primeira geração os usuários estavam passivos, aprendendo a conviver com este novo mecanismo, aproveitando suas facilidades, como o correio eletrônico e a possibilidade de realizar uma compra ou fazer um pagamento bancário via online. Mais familiarizado com o espaço virtual, com o avanço da tecnologia que passou a colocar novas ferramentas à disposição, bem como equipamentos como câmeras e gravadores digitais, a web logo se tornou um espaço para que todos tivessem voz e pudessem se mostrar e atuar em áreas que geram fascínio, como o jornalismo e as artes.
O público está cada vez mais se legitimando no meio web, ferramentas como a Wikipedia, a enciclopédia livre, abastecida por seus usuários, torna-se um mecanismo de informação importante, usado como fonte e referência até mesmo por jornalistas. Apesar de não ser totalmente confiável, sua facilidade de acesso e consenso a faz uma fonte prática de informação num mundo tecnológico facilitado. Afinal, quem hoje pensa ainda em procurar entre diversos livros de grosso volume um verbete para ter informações? Sendo que estes nem contemplam muitos dos termos empregados hoje em dia por causa da própria internet.
Os meios de comunicação, principalmente os jornais impressos são um bom exemplo de como a web 2.0 alterou o comportamento do usuário e a principal diferença com a web 1.0. Na primeira geração da internet, os sites dos veículos nada mais eram que uma reprodução do seu conteúdo offline. Apenas um serviço a mais, uma outra ferramenta de leitura do jornal. Hoje, jornais no mundo inteiro sofrem alterações para vivenciar a experiência offline e online ao mesmo tempo, em redações integradas. Os sites passaram a ter mais atualizações, com notícias em tempo real e com a possibilidade de o público interagir e interferir no conteúdo, através de comentários, seja para discutir o assunto, apontar erros, fazer críticas e até mesmo passar informações que complementam as reportagens. Além disso, ganhou espaços próprios para produzir seu próprio conteúdo, seja informativo ou de entretenimento. Através da internet, o leitor pode ser o repórter do jornal que lê através do jornalismo participativo. Diversos veículos dispõem de um espaço para que ele publique as notícias de sua comunidade, fatos que não ganham espaço na mídia tradicional, como um buraco de rua ou as decisões de uma associação de moradores de bairro. Exemplos disso são o I Report, da CNN, Yo Periodista, do El Pais , Você no G1, do site G1, Leitor-Repórter, do jornal Zero Hora, vc repórter, do Terra, entre outros.
Além disso, o público tem a chance de também expor conteúdo de caráter pessoal, como fotos de família ou de alguma tema proposto pelo veículo, como por exemplo, a festa de aniversário da cidade, aproximando a pessoa comum da notícia e dando espaço para que todos possam aparecer e não apenas os colunáveis.
Concordo com Frederick van Amstel, editor do blog Usabilidoido quando diz que “o que está funcionando na Web 2.0 não são as comunidades, mas sim a ampliação de oportunidades para que ilustres desconhecidos brilhem como sempre desejaram”. Essa nova geração da web está em processo, ainda não evolui como espaço público que é, onde quem tem acesso à internet tem direito a dar sua opinião e discutir temas de interesse da sociedade.
Apesar de ser esse poderos espaço de discussão, através de comunidades e fóruns, o que se nota é que todos querem falar, mas são poucos os que querem ouvir, ou seja, todos emitem suas opiniões, com muito pouca interação entre eles. Falta às comunidades usar mais este espaço como ferramenta de denúncia e reivindicação de seus problemas, de tal forma que os órgãos responsáveis e os poderes locais sintam-se ameaçados pelos conteúdos, assim como se sentem pela mídia tradicional, e pudessem atender às necessidades de uma rua ou bairro que sofre com um buraco ou a falta de saneamento, por exemplo. Falta na web 2.0 um uso mais cidadão e transformador. Para isso, é preciso que as pessoas utilizem mais os espaços oferecidos e os jornalistas que fazem essa mediação aprendam como lidar com as informações oferecidas por seu público.
julho 31, 2008
Categorias: Sem Categoria . Tags:web 1.0, web 2.0 . Autor: fernandasouza . Comments: Deixe um comentário